sábado, 8 de janeiro de 2011

Contos de Morte

Certo. Alguém disse pra você milhares de frases a respeito de como a vida é furiosa e não usa borracha, ou coisa assim. Se a vida é distraída e furiosa, e você gosta dela mesmo assim, talvez precise alcançar novos horizontes, não? Tem uma hora que você exagera e pensa em vida após a morte. O que é isso? Disposição ou medo? Você reclama de cansaço do trabalho, dos filhos, do passeio de fim de tarde, dos estudos. Isso é a vida, não? Sem borracha...
Quando você não tem muito do que se cansar inventa de se cansar de você mesmo ou do modelo de vida que vem levando até então. Você promove mudanças, você refaz seu corpo(eu disse sem borracha?), você "renasce"...De tanto renascer você pode pensar na morte como mais uma mudança, já que no fim das contas o que você quer é manutenção dos padrões com os quais se acostumou. Você inventa mitos e maravilhas acerca da morte. Deuses e viagens interessantes.
Quer uma dica?
Se quiser viajar, entorpecentes são uma ideia. Os deuses são invenção sua mesmo, então, se quiser estar em contato com eles aproveite enquanto vive, veja outras criações e leia bastante as mitologias.
Dada a dica eu informo que não vai dar pra colocá-las em prática agora, já que eu cheguei.
Desculpe...Fui mal-educada? Eu não me acostumo com suas convenções, mas me esforço para ser familiar.
Eu sou Morte, muito prazer. Se puder me acompanhar...

7 comentários:

  1. ..., suponho que esteja vivo. Estando, decerto que me sente ao seu lado nos momentos mais diversos. Caixão ou urna, enterro ou cremação, padre ou rabino, não importa. Não me resumo a isso. Em verdade, nada disso sou eu e, sim, você tentando me administrar, me superar.

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  2. Meu tempo é curto. Ou seria o seu? Bem, o que digo é que devo me apressar. Não me recrimine, não tenha medo de mim. Posso não ser simpática, mas serei cordial com você. Desta vez, com você.

    Um devaneio se desfez. O que se passava lá fora? Ainda estava dentro de um quarto escuro, reconhecendo o próprio quarto, quando as poucas memórias de tal sonho (ou seria literalmente uma alucinação?) ressurgiam em sua mente. Sensações. A luz que entrava pelo pequeno buraco na parede de madeira incomodava seus olhos. Os cobertores não estavam mais tão agradáveis, e a cama quente já não era mais compartilhada.
    O sonho lhe parecia uma realidade distante e saborosa, mesmo que...

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  3. tenha sido há tão pouco tempo.
    O riso da mulher perambula pela sua cabeça? Então, ou é parte do chamado, como é mesmo, flash back, ou você sabe mais do que eu pensava. Talvez seja a hora de sair desse quarto. Vamos para o inferno! Brincadeira minha... Meu humor é insuportável.
    Vamos, sente-se, pois, se tem uma parte que me diverte nesse trabalho é a de contar para vocês toda uma trajetória que é sua,mas nunca lhes pertenceu. Não estou falando daquilo de que se lembra, das doces palavras que sua mãe lhe dizia, blá,blá. Estou em fato cumprindo o protocolo, pois a ciência dos fatores que o levaram à minha presença aqui, hoje, é mais do que um deleite pessoal meu, é um estágio da sua existência. Finalmente vai ver além dos seus olhos e isso é muito importante. Vai ver pelos meus olhos e isso é mais importante.
    Bem, sabe aquela mulher?
    Pois ela...

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  4. ... em toda sua plenitude, e pele branca, saudável e macia, talves, e ainda assim, seja tão sombria quanto no seu último sonho... "Ainda era dia, quando a vida deixou de viver em mim...
    ainda sinto o sangue frio da morte, que nublada levou minh'alma de mim...
    E você que outrora prometera...
    ...que jamais deixaria morrer o grande amor que sentira por este...
    Este que não mais existe e quando existiu o fez por você.
    Você que hoje odeio... odeio tanto que meus olhos chegam a chorar... não sei por que o fazem, já que só sentimentos negros e o sangue frio da morte preenchem esse corpo!!
    E você que outrora prometera...
    ...todas as flores vivas pra mim, dessas só sinto os espinhos e elas, são muchas e estão ali jogadas no chão da sala, não sinto mais seu cheiro, não... nada mais sinto...
    Ainda não sei por que esse corpo ainda respira, sinto ofegante minha respiração.
    Fora de mim tudo também está escurescendo, agora o sol já se foi...
    Agora é a noite em sua plenitude, que derrama sua escuridão e que devora meu folego, é essa escuridão que cala a voz do meu pensamento, secou a lágrima dos olhos...
    E você que outrora prometera...
    ...também tirar meu folego, também nas mais escuras noites, e o fizera é verdade e ainda lembro... e agora também o faz, porém sem tua presença, não, você ainda está aqui, nas ultimas pétalas das flores mortas e entranhado nos poros deste corpo, agora vazio, sem alma, sem vida...
    E só a lembrança de tudo que outrora prometera..."
    E... assustara-se com o peso do seu cheiro lúgubre e lembranças atormentadas...e quando olhou pro seu lado esquerdo...

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  5. ... o cartão postal ainda estava lá. Mas eu também estava. Apenas por alguns segundos, deixei meu trabalho de lado. Aquela mulher parecia não ser quem eu buscava. Sua alma parecia carregar algo novo, e eu já vi de tudo, que me fez olha-la por fora e ficar curiosa por dentro. Do por dentro.
    Ora, sua confusão não me espanta. Posso lhe mostrar um pouco do que vi naquela alma tão pequena. Mas não pense que serei boazinha como uma vó que conta histórias, belas e simpáticas, antes do teu sono lhe tomar.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Se paira sobre ti a duvida do sonho, não se espante. Jamais lhe direi também, pois não faz parte das minha obrigações explicar-lhe o que não quero. Deve estar se perguntando o porque de tanto cuidado da minha parte com uma mulher. Não. Eu não vejo nada de especial nela, além da sua humanidade. Acontece que estou cansada de seres humanos, cansada de não entendê-los, de apenas leva-los embora sem ter tempo para mim e meus próprios devaneios.
    Já tentou fazer o meu trabalho? Não tente.
    Pois bem, parei para observar como aquela mulher, com todos seus complexos pensamentos...

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